segunda-feira, 20 de julho de 2009
Aqui novamente.
Numa madrugada fresca, quase fria.
Adoro esse vento noturno que uiva na minha janela.
Adoro esse vento que nos corta a alma. Um vento que entra pelos ouvidos e estremece o corpo inteniro. Que arrepia os cabelos e a gente fecha os olhos pra sentir.
Eu até poderia cantar Cazuza, "solidão a dois de dia, faz calor depois faz friu..."
Na verdade eu posso, pensando bem, estou sempre em dupla, em par, em casal, em dois. Porque estou sempre em um.
Inacreditável como são as pessoas, como são as mulheres. Conviver com elas é muito, muito complicado, é delicado demais. É preciso muita sutileza, é preciso misturar o gentil com o imponente. É ter voz mansa, e sentir muito mais que isso. É segurar. Cobrar. Fechar os olhos, baixar a cabeça e levar nas orelhas. É se encantar pelo impossivel. Administrar todo o elenco. Trazer dinheiro. Mandar dinheiro. Promover. Reaver. Tem marimbonodos na estrada. Tem um freio na volta. E tudo me preocupa.
Mas o que mais me incomoda é a vontade (essa que nao vai embora) de estar perto. De tudo. É o sonho e o real. É o abrir e fechar dos olhos. É ficar babaca e não poder. Não poder. "Ter que" e "não ter que". Manter a linha. Estar em linha. E fazer com que todos andem pelo mesmo caminho que eu. É não pensar. Depois de não conseguir, é tentar esquecer. É sentir que de tão doce, amarga a solidão. Sorrateira. Ludibria, ilude, engana. Faz-te acreditar em coisas que não são reais. É a melhor das drogas, é lícita e não há quem não precise dos seus efeitos. Solidão vicia. E é fundamental lembrar que solidão é muito diferente de estar só. "Sobre estar só, eu sei..." Há quem seja assim, eu sei. Eu sou. Nasci assim. As vezes gosto de estar sem a presença de qualquer que seja. Mesmo porque ela sempre me acompanha. E não precisa ser diferente. Eu nao sou menos feliz por ser assim. Eu convivo bem com pessoas, e convivo bem sem elas. Só não me negue quando eu quero. Não me convem unir solidão com a falta de vontade de estar só. E eu só quero o que me convém.
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1 comentário:
Achei tão Clariciano! Blasé... Magnifico.
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