Desculpe usar o seu e-mail de trabalho, mas esse eu tenho certeza que você verá, e é menos provável que seja em algum momento 'inconveniente'.
Então, farei agora o que eu acho mais justo nesse momento: falar de mim para você, sobre o que compete ao que existia de 'nós'.
Para começar, sobre a blusinha azul com os bichinhos lindos. O que aconteceu foi a ausência de bem estar cada vez que eu olhava para aquela coisinha. Na verdade, era uma ausência de tudo, e por isso eu resolvi devolve-la, e por bem pouco a minha indelicadeza não ultrapassou o limite do bom senso fazendo com que eu devolvesse outras coisas, enfim...
Naturalmente, eu me faço mil perguntas, sobre tudo, sobre o que se passa com você, como divergimos tanto em nossos interesses, como algumas coisas podem ter se tornado tão diferentes, mas, essencialmente sobre o que se passa comigo.
Óbvio que eu não irei revelar o teor dessas perguntas (e algumas afirmações ), elas irão parecer muito mais ridículas do que já são.
Em alguma mensagem de texto no celular, eu li uma breve análise sua sobre a minha pessoa, e dizia algo mais ou menos assim: "é natural que esteja assim, isso é porque surgiu uma outra pessoa..." Perdoe-me a (talvez) grosseria, mas e dispenso esse tipo de leitura.
As coisas se enrolaram na minha cabeça por outra visão de um mesmo motivo. Você viu um abandono, e eu vi um prelúdio.
E então as coisas caíram por terra, por baixo da terra, numa quarta feira, fatídica quarta feira. E daí por diante, uma avalanche de felicidade, de felicidade urgente, me era posta a frente. E eu me desfiz de você, em seguida me desfiz de todos.
E nesse momento eu quis mais, eu quis saber mais, e me arrisquei numa pergunta dolorosa, até por já saber a resposta, foi quando, em meio a tanta fragilidade eu me rendi e te procurei, numa pergunta descabida e talvez boba. E nessa hora eu me desfiz de mim, me desfiz em mim e no fim do dia já não havia mais nada. Não tinha sobrado nada para uma ligação, ou para uma conversa amigável no msn com qualquer ser vivente do planeta. Você povoa todas as minhas lembranças recentes, os filmes, as músicas, a minha cozinha, o cheiro, o meu sobrinho, o seus sobrinhos, a garupa da moto, o supermercado, a internet, as irritações, os medos, angustias, alívios e todas as arrastadas 24 horas que longos dias tem.
Eu sei que você está feliz, e não tenho nenhuma intenção de estragar isso, sua felicidade é merecida e eu tenho consciência de que eu não te fiz feliz.
Sobre falar com você, definitivamente eu não posso, não tenho condições psicológicas para ser sua conhecida, ou qualquer coisa sinônima a isso.
Eu não queria que você se desse ao trabalho nem de pensar em responder esse e-mail, eu não estou pronta para ouvir alguma coisa que eu não queria ouvir, e ultimamente não ando querendo ouvir quase nada, a não ser o riso rasgado de um bebê gordinho.
Isso não foi uma romântica carta de amor, e eu lamento por isso, mas foi o mais honesto que eu consegui.
Se na nossa alegria você não conseguia ver o meu amor por você, talvez no meu sofrimento você acredite que ele existe.
Pra você todas as músicas dos dias todos, todas as digitais ao bater o ponto e todos o resto do mundo.
Brena Mayhana Martins Silva
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